Ao longo do més de julho, o Rio Negro recuou 53 centímetros e chegou a 28,49 metros na última sexta-feira (1), segundo dados do Porto de Manaus. Isto mostra que as águas já iniciam o seu processo cíclico de vazante.
A cheia de 2025 começou em outubro do ano passado e atingiu 29,05 metros — cinco centímetros acima da cota de inundação severa. Foram oito meses de cheia, que colocaram 42 dos 62 municípios do Amazonas em situação de emergência.
Apesar da descida das águas, os impactos da cheia ainda afetam mais de 500 mil pessoas, com prejuízos na agricultura, alagamentos e dificuldades de mobilidade em várias comunidades.
Impactos da cheia e da seca nos alimentos
Segundo o economista Mourão Júnior, tanto a cheia quanto a seca trazem impactos econômicos significativos à região Norte. A seca eleva os custos com frete e logística, enquanto a cheia causa prejuízos no interior, como perdas de safra.
Renato Senna, do Inpa, destaca que o Amazonas enfrenta o terceiro ano consecutivo de chuvas abaixo da média, o que afeta diretamente a produção de alimentos, o transporte e até o abastecimento de combustíveis. Produtos como castanha, açaí, tucumã e ingredientes do x-caboquinho também foram comprometidos pela seca.
Mesmo durante a cheia, produtores enfrentaram perdas com lavouras alagadas. Em Manacapuru, a alta nos preços atingiu alimentos básicos e pescados, prejudicando feirantes e consumidores.
Produtos como tomate, banana, macaxeira e peixe tiveram aumentos de até 60%.A crise climática intensifica os extremos da cheia e da seca, afetando toda a cadeia: do campo ao prato.