O ex-deputado federal Marcelo Ramos avaliou os impactos do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Segundo ele, a medida, liderada pelo ex-presidente Donald Trump, não é inédita nem exclusiva contra o Brasil.
“O que o Trump fez com o Brasil, ele também fez com a China, Colômbia, México e União Europeia. Depois, foi negociando caso a caso. As notícias de hoje já indicam abertura de diálogo, inclusive para produtos como alimentos e aeronaves da Embraer”, explicou.
Em entrevista ao Povo na TV, Marcelo explica que a medida é grave do ponto de vista setorial, mas não representa risco estrutural à economia do Brasil ou da Zona Franca de Manaus (ZFM).
“No PIB do México, 35% vem da exportação para os EUA. No Brasil, esse número é de apenas 1,7%. Ou seja, não é algo estrutural”, destacou.
Ainda assim, ele alertou para o impacto direto em setores como soja, carne, ferro, aço e aviação, que devem ser tratados pontualmente pelo governo brasileiro.
Zona Franca tem impacto pequeno, mas não desprezível
Com relação à Zona Franca de Manaus, Marcelo Ramos citou declarações do secretário estadual de Fazenda, Serafim Corrêa, e do superintendente da Suframa, Bosco Saraiva.
Ambos apontaram que a exportação da ZFM para os EUA representa apenas 0,1% da produção total, o que torna o impacto, em tese, insignificante.
No entanto, o ex-deputado alertou que olhar apenas os números macroeconômicos pode esconder tragédias individuais.
“Tem empresas que exportam castanha, peixe, chocolate de cacau nativo, frutas… Para elas, essa tarifa pode destruir um negócio inteiro, com todos os empregos que ele gera”, disse.
Segundo ele, muitos desses empreendedores dedicaram a vida toda para montar negócios voltados à exportação, e a taxação pode representar o fim dessas iniciativas.
‘Trump não está atingindo o Lula, está atingindo o povo’
Marcelo também criticou a politização do tema. Para ele, há quem esteja comemorando a medida apenas por oposição ao governo federal, o que classificou como covarde.
“O Trump não está taxando o Lula. Ele está taxando o povo, o trabalhador, o empreendedor. Tem gente marcando protesto como se isso fosse um ato contra o presidente, mas quem sofre são os brasileiros comuns”, afirmou.
Ele defendeu que o caminho é o mesmo que outros países já trilharam: negociar, negociar e negociar. Apesar dos riscos para os exportadores, Ramos disse que o mercado interno brasileiro pode até sentir efeitos positivos, especialmente em relação aos preços.
Para ele, o momento exige seriedade e diálogo, sem pânico, mas também sem comemorações precipitadas.