O incêndio de grandes proporções que atingiu os galpões das fábricas Effa Motors e Valfilm da Amazônia, no Distrito Industrial 2, em Manaus, foi o maior já registrado na história da capital, segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBM-AM).
A ocorrência, que durou mais de 40 horas e exigiu uma força-tarefa inédita, foi considerada também uma das mais intensas do país, devido à complexidade e ao risco envolvido.
“Nós fizemos o maior enfrentamento de todos os tempos que Manaus já presenciou no que tange a incêndio, e um dos maiores do Brasil também”, afirmou o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Muniz, em entrevista concedida no próprio local do sinistro, nesta quinta-feira (7), quando as chamas foram finalmente extintas.
Faísca deu início ao fogo que devastou dois galpões
De acordo com relatos de trabalhadores, o incêndio teria começado por volta das 12h da última terça-feira (5), após faíscas de solda atingirem um produto químico durante a linha de produção da Effa Motors, fábrica especializada em caminhões de pequeno porte.
No momento do incidente, cerca de cem veículos estavam dentro da unidade, o que contribuiu para a rápida propagação das chamas.
As labaredas se espalharam com intensidade e atingiram também o galpão da Valfilm da Amazônia, empresa voltada à reciclagem e transformação de plástico. Até o momento, a Valfilm não se manifestou sobre o ocorrido.
Cerca de 200 bombeiros participaram da operação, que contou com apoio de diversas secretarias estaduais, empresas privadas e uso de tecnologias modernas. Drones, plataformas aéreas, viaturas novas e estratégias de combate de alto nível foram decisivos para conter o fogo.
“Empregamos uma média de 190 a 205 bombeiros. Acionamos o PAN [Plano de Auxílio Mútuo], com apoio de empresas como Reman, Bemol, entre outras. Utilizamos também drones de combate a incêndio, plataforma aérea e viaturas novas”, detalhou coronel Muniz.
A atuação do CBM-AM impediu que as chamas se alastrassem para áreas vizinhas e vegetação próxima, o que poderia ter agravado ainda mais a tragédia.
“Tivemos cuidado para que o fogo não se propagasse para a vegetação do lado, o que poderia sair de controle”, completou.
Mesmo diante da destruição, parte do galpão da Effa Motors pôde ser salva. Segundo o Corpo de Bombeiros, um terço da estrutura foi preservado, incluindo dezenas de veículos que estavam estacionados na área não atingida.
“Se não houvesse a intervenção qualificada do Corpo de Bombeiros, aqui tinha material para durar mais de um mês queimando”, ressaltou o comandante. Ele acrescentou que o incêndio envolveu materiais altamente inflamáveis, como polipropileno, solventes e linhas de oxigênio — o que exigiu ações rápidas e coordenadas.
Momentos de terror: funcionária grávida está internada
Funcionários que estavam nas fábricas durante o incêndio relataram momentos de pânico. Letícia Gomes do Nascimento, de 21 anos, grávida de dois meses, está internada em estado grave após atravessar incêndio em uma das fábricas da zona leste de Manaus tentando escapar das chamas.
Outro trabalhador contou que havia acabado de chegar ao local para recolher entulhos quando ouviu uma explosão. “Em poucos minutos, a fumaça tomou conta e o fogo já era visível do alto do galpão”, relatou.
A extinção total do incêndio foi confirmada pelo CBM-AM na manhã desta quinta-feira (7), e a edificação foi devolvida aos proprietários às 18h do mesmo dia para início dos trabalhos de remoção dos escombros.