O Caprichoso anunciou, nesta quarta-feira (25), que vai apresentar o manto tupinambá do “novo milênio” — uma peça religiosamente guardada por Gilvana Borari, única autorizada a manuseá-lo e transportá-lo.
O destaque, agora mais simbólico do que festivo, revela uma rica herança indígena: o manto tupinambá (ou assojaba) é uma vestimenta sagrada, tradicionalmente feita com penas de aves como o guará, arara e araracanga, sustentada por tramas vegetais e usada exclusivamente em rituais de poder e cerimônia.
Historicamente, os mantos tupinambá datam dos séculos XVI e XVII, poucos dos quais sobreviveram, apenas 11 exemplares são conhecidos, a maioria em museus europeus.
Um desses mantos foi devolvido ao Brasil em julho de 2024 e está atualmente preservado no Museu Nacional, no Rio de Janeiro.
Nova versão
Diferente dos mantos centenários, essa versão do “novo milênio” surge como símbolo de resistência cultural e renovação da tradição tupinambá, utilizando cerca de 3.000–4.000 penas de diversas espécies e resgatando saberes esquecidos.
A expressão destaca a reconexão com a ancestralidade e a vivência contemporânea do manto como ente vivo, não apenas objeto museológico, mas peça significativa e transformadora nas mãos de sua guardiã.
Já Gilvana Borari é artista indígena do povo Borari, com formação em dança e atuante no movimento artístico e cultural da Amazônia.
No Caprichoso, ela exerce a função de Conselheira de Arte e foi escolhida para ser a guardião do manto, papel que confere autoridade ritualística: somente ela pode tocar e transportar a peça. Essa designação reforça a relação entre tradição indígena e identidade cultural no festival de Parintins.