(Foto: Rafa Neddermeyer/AgĂŞncia Brasil)
BrasĂlia (DF) –
A decisĂŁo do ComitĂŞ de PolĂtica Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic (juros básicos da economia) em 1 ponto percentual e de indicar mais duas altas da mesma magnitude recebeu crĂticas do setor produtivo. Entidades do comĂ©rcio, da indĂşstria e centrais sindicais, alĂ©m de polĂticos, consideram que os juros altos prejudicarĂŁo o emprego e a recuperação da economia.
Em nota, a Confederação Nacional de IndĂşstria (CNI) classificou a decisĂŁo do Banco Central (BC) de “incompreensĂvel” e “injustificada”. Para a entidade, a elevação nĂŁo tem sentido apĂłs a queda da inflação em novembro e o anĂşncio do pacote para corte de gastos obrigatĂłrios.
“Manter o ciclo de alta da Selic iniciado em setembro já configuraria um erro do Banco Central. Intensificar esse ritmo, como a autoridade monetária escolheu, portanto, não faz sentido no atual contexto econômico, marcado pela desaceleração da inflação em novembro e pelo pacote efetivo de corte de gastos apresentado pelo governo federal”, destacou a entidade.
Para a Associação Paulista de Supermercados (Apas), a elevação da Selic era esperada e ajudará a conter a inflação, que superou o teto da meta. A medida, no entanto, prejudica a produção e o consumo, na avaliação da Apas. “No cenário atual, aumentar os juros, desestimula o investimento e impede a expansĂŁo da capacidade produtiva, assim como afeta diretamente o consumo e a demanda agregada, perpetuando os entraves estruturais ao desenvolvimento do paĂs”, destacou o economista-chefe da entidade, Felipe Queiroz.
Embora a alta dos juros encareça o crédito e restrinja o consumo, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) não criticou a decisão. Para a entidade, a medida veio em linha com o esperado pelo mercado financeiro e é justificada perante as incertezas econômicas e a desancoragem das expectativas de inflação.
“A aceleração da inflação, que se mantĂ©m acima da meta anual, num contexto de nĂvel de atividade e mercado de trabalho ainda aquecidos e expectativas inflacionárias totalmente desancoradas, alĂ©m do aumento da incerteza no campo fiscal e no setor externo, sĂŁo fatores que contribuem para manter o câmbio elevado e justificam uma polĂtica monetária mais contracionista”, ponderou a ACSP em nota.
Presidenta do PT
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, avalia que a alta da Selic nĂŁo faz sentido diante de um paĂs que precisa crescer. “É irresponsável, insana e desastrosa para o paĂs a decisĂŁo do BC de elevar da taxa básica de juros para 12,25%. NĂŁo faz sentido nem seria eficaz para evitar alta da inflação, que nĂŁo Ă© de demanda. Nem para melhorar a situação fiscal, muito pelo contrário. Esse 1 ponto a mais vai custar cerca de R$ 50 bilhões na dĂvida pĂşblica”, escreveu a parlamentar na rede social X (antigo Twitter).
Para Gleisi, o BC ignora o esforço e sacrifĂcio do governo em cortar gastos, apĂłs o envio de medidas fiscais ao Congresso. “Mas Ă© o fecho da trajetĂłria nefasta do bolsonarista Campos Neto no BC, responsável pela criminosa sabotagem Ă economia do paĂs nos dois primeiros anos do governo Lula. Sufocou a economia e o crĂ©dito e nĂŁo cuidou da especulação com o câmbio, que era sua obrigação combater. Já vai tarde Campos Neto. Espero que seu terrorismo fiscal tambĂ©m seja suplantado daqui pra frente”, acrescentou a deputada.
Centrais sindicais
A elevação da Selic em 1 ponto percentual foi bastante criticada pelas centrais sindicais. A Central Ăšnica dos Trabalhadores (CUT) considera um erro a decisĂŁo. Para a entidade, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, termina o mandato “colecionando prejuĂzos ao paĂs”. Segundo a central sindical, juros mais altos nĂŁo resolvem a alta do preço dos alimentos, ligada a fatores climáticos.
“O mercado financeiro está apostando contra o Brasil. É formado por um bando de aproveitadores e sabotadores da nação. Os danos desta polĂtica monetária de aperto econĂ´mico, praticada a mando do mercado pelo Banco Central, na gestĂŁo de Roberto Campos Neto, e com mais intensidade no governo Lula, sĂŁo irreparáveis ao desenvolvimento do paĂs”, destacou em nota a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Ăšnica dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira.
A Força Sindical considerou o aumento de juros “um remĂ©dio errado e desnecessário”. A entidade cobrou mais sensibilidade do governo em 2025, com polĂticas sociais que reduzam a pobreza e retomem o investimento.
“Infelizmente, o Banco Central perdeu uma Ăłtima oportunidade de estimular a criação de empregos, a produção e o consumo. O paĂs precisa investir no fomento da produção, na geração de empregos e na distribuição de renda para retomar o caminho do seu crescimento econĂ´mico”, ressaltou em nota o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.
Em comunicado, o Copom atribuiu a elevação acima do previsto Ă s incertezas externas e aos ruĂdos provocados pelo pacote fiscal do governo. O ĂłrgĂŁo informou que elevará a taxa Selic em 1 ponto percentual nas prĂłximas duas reuniões, em janeiro e março, caso os cenários se confirmem. Os prĂłximos encontros serĂŁo comandados pelo futuro presidente do BC, Gabriel GalĂpolo.
(*) Com informações da assessoria.
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